Burn Your Tongue (Part XII)
Ah! Mais uma parte do conto ;p E dessa vez é grande! #ha \o/
Eu vou tentar responder aos comentários no sábado...
Eu bem que tentei fugir das
escadas, mas mesmo com toda a minha força de vontade, uma hora depois de Lizzy
sair da sala, me vi subindo aqueles sete andares com um sorriso de escárnio de
Elizabeth. Ajudar Jule com a arrumação da sala de reunião era uma ordem do
chefe, não uma sugestão.
Então, pelas próximas três horas,
fiquei arrastando cadeiras para todos os lados da grande sala com carpete claro
e cadeiras acolchoadas. Quando perguntei o por que de tanto conforto nas
cadeiras, Jule riu e disse um “Você vai entender mais tarde”, algo me dizia que
não iria querer entender. A melhor parte de toda a arrumação foi passar mais
tempo com Elizabeth em seu modo trabalho, nem parecia uma menina que se acabava
em festas estranhas e que suspirava por atores de cinema, enquanto andava de um
lado para o outro analisando os documentos que havia pego mais cedo, sua
postura era completamente diferente, dona de si, com andar firme, eu diria que
se alguém passasse em sua frente naquela hora, ela passaria por cima e nem
perceberia.
No final da tarde, me vi sendo
empurrado para um quarto em tons de azul com uma mochila nas mãos e os gritos
de Lizzy.
-Tome um banho e vista o que tem
aí. Você tem meia hora! –e saiu em disparada pelo corredor, sem me dar chance de
perguntar para onde eu deveria ir depois de me trocar.
Larguei a mochila em cima da cama
gigante e olhei em volta, as paredes eram revestidas de papel de parede azul
claro e mobília antiga. Em um dos armários havia um porta retrato com uma foto
de Lizzy e um outro garoto, que me lembrava Caleb, mas havia algo em seu olhar
que não se ajustava a lembrança que eu tinha dele. Era perigoso.
Tomei uma chuveirada rápida e
vesti as roupas da mochila, uma camisa social azul escuro e calça jeans preta,
tudo do meu tamanho. Jule realmente tinha um bom olho. Me sentei na mesa que
havia perto da cama e só então percebi que estava montada uma mesa de café com
pães, geléias e sucos, quando pensei em pegar alguma coisa, três batidas apresadas
soaram na porta. Era Elizabeth, é claro.
-Que bom que já está pronto! Não
temos muito tempo. –entrou toda afobada, me deixando tonto.
-Tempo para que?
-Para comer, criatura! –Quando me
virei, ela já estava sentada a mesa e passando uma pasta com cor estranha numa
fatia de pão.
-Que coisa é essa? –apontei para
o pequeno pote sem rótulo.
-Vegemite.
-Veg... o que? –passei geléia de
morango em uma outra.
-Vegemite, Thomaz. –disse, como
se fosse a coisa mais normal do mundo e eu soubesse o que era aquilo. –É uma
pasta de cevada e outras coisinhas com gosto duvidoso que Caleb me manda. É bom
para a pele. –bufou –E meu avô adora.
-E isso é bom?
-Depende do que você chama de “bom”.
–arqueou uma sobrancelha enquanto mastigava.
-Minha definição de bom é doce ou
na pior das hipóteses, engolível.
-Então é bom. –sorriu e se
levantou. –Vamos, devemos estar lá quando os outros chegarem.
Estávamos no décimo segundo andar
e a reunião seria no décimo, já me perguntava quando me veria livre das
escadas, só de pensar me faltava fôlego. A sala estava impecavelmente brilhando
de tão limpa, e devo dizer que não estava assim quando terminamos de organizar
as cadeiras – dispostas em círculos e fileiras diante de uma grande mesa oval,
onde em cada lugar havia uma pasta preta com o brasão da família Karlin.
Cerca de meia hora depois, um a
um, homens vestindo terno sem gravata ou camisa e jeans foram entrando e
tomando seus lugares. Aparentemente, cada um sabia qual posição tinha, e como
em uma peça ensaiada, seus gestos eram sincronizados e corteses. E todos
pareciam saber que eu era o novato, já que me olhavam com curiosidade. Caleb
foi o último a entrar, sua roupa verde musgo combinava com a camisete verde
escuro que Lizzy vestia, e com um sorriso de quem sabe de tudo, me cumprimentou
com um leve aceno de cabeça. Então Elizabeth começou a falar.
-Boa noite a todos. Como a
maioria de vocês sabem, sou a sucessora de meu avô nos negócios da família, por
essa razão, hoje a reunião será presidida por mim, Elizabeth Karlin, e peço que
vocês depositem em mim a mesma confiança que depositaram em meu avô.
-Um viva para 89! –seu primo
Aleph gritou, sendo aplaudido por Caleb e alguns outros e recebendo um sorriso
envergonhado de Lizzy.
-Bem, depois desse entusiasmado
cumprimento, vamos aos negócios.
Mais de quatro horas depois, eu,
Aleph e Lizzy saímos da sala – eu morto, ela com um sorriso satisfeito e Aleph,
andando entre nós dois, falando ao celular. Sentia minha cabeça um pouco
sobrecarregada demais, o volume de informações que recebi na mesma noite foi
grande demais, nunca imaginei que os negócios dos Karlin ultrapassasse
fronteiras e oceanos. Cada um dos homens que estavam naquela mesa eram
responsáveis pelos negócios de um país, ou como eles chamavam, eram
responsáveis por um setor dos negócios.
-Caleb juntou umas pessoas no
salão da cobertura, vamos lá? –Depois de desligar a ligação, Aleph se virou
para nós.
-Na cobertura? –os olhos de Lizzy
brilharam. –Parece bom para mim, quer subir Thomaz?
-Subir... quantos lances de
escada?
-Nenhum! –Aleph se pendurou nos
meus ombros e gargalhou. –Vou te contar um segredo, novato: o elevador só
funciona para a cobertura. –Piscou o olho. –Caleb e eu o programamos para só
funcionar para um andar: o salão de festas.
-Se é assim, o que estamos
esperando? –perguntei, já me animando novamente e deixando o cansaço de lado e
fazendo Lizzy gargalhar.
O elevador era espelhado do chão
ao teto, Aleph e eu nos encostamos no fundo e Lizzy se apoiou no corrimão que
havia nos lados para se olhar no espelho.
-Vou mudar a cor de novo. –disse,
procurando alguma coisa em seus olhos.
-Que cor? –Aleph quis saber.
-Ainda não sei, Caleb me disse
para ficar morena para ficar uma cópia da minha mãe, mas pensei em passar mais
para o vermelho... como a mãe de Joseph... –Ela respondeu, ainda olhando seu
reflexo. –O que você acha, Thomaz? Meu cabelo ficar melhor em que cor?
-Assim está bonito. –dei de
ombros, cor de cabelo não era a minha especialidade. E Lizzy já chamava a
atenção de qualquer um sem fazer esforço, não via para que mudar.
-Bem, veremos. –A porta se abriu
e ela saiu na frente. –Bem vindo ao salão de festas de Caleb!
-Como assim de Caleb? É mais meu
do que dele. –Aleph esbravejou.
-É o nome dele que está na porta,
não me culpe. –deu de ombros e empurrou as maçanetas pretas e redondas das
grandes portas douradas em nossa frente com uma placa reluzente dizendo Clube
Caleb.
-Ele me enganou, isso não é
justo. –Aleph se afastou com um aceno e foi se sentar em uma mesa cercada de
garotas magras e ruivas.
-São as namoradas dele. –Lizzy me
explicou e me guiou pelas pessoas do lugar. Era um grande salão povoado de
mesas redondas e de jogos, cheio de jovens dançando, conversando e apostando
pilas de dinheiro. Todos pareciam felizes, menos um pequeno grupo amontoado em
um dos sofás perto do bar, eram todos homens, e um deles olhava Lizzy atentamente,
quando nossos olhares cruzaram, percebi que eu sabia quem ele era. O homem
misterioso que estava no carro com ela uma vez.
Lizzy pareceu não perceber e se o
fez não se importou, me empurrando para uma mesa no canto onde um grupo de seis
garotas gargalhava alto.
-Meninas! –Lizzy sentou na
beirada, me levando junto. –Esse é Thomaz, meu novato. –Sorriu. –Essas são 81,
82, 83, 84, 92 e 93, minhas primas.
-Olá garotas. –sorri e elas
gargalharam. Eu não tinha a mínima ideia de quem era quem.
-Ora, Srta. Karlin, minha
adorável futura chefe, mande seu garoto se divertir com os outros, Aleph vai
dar uma surra nos engravatados da Irlanda, será divertido e ele logo se
acostumará com nossas festinhas. –uma das moças falou, eu não sabia se era 81
ou 84, apesar de aparentar ser 93.
-Que tal, Thomaz? Sabe jogar
pôquer? –Lizzy arqueou sua sobrancelha perfeita.
-Claro. –Sorri grande. –Qual a
direção? –Ela levantou os olhos e apontou para o outro lado, vi Aleph sentado
em uma mesa alongando os dedos com um sorriso de vencedor. –Até logo
senhoritas.
Nas próximas horas, me vi
dividido entre o jogo de Aleph, que realmente estava dando uma surra nos
outros, as bebidas com gosto de açúcar que eram servidas e as espiadas que dava
periodicamente em Lizzy. Em certo momento a perdi de vista e quase entrei em
desespero, se minha saída dali dependesse de Aleph, eu nunca sairia, estávamos
indo muito bem como dupla de jogo. Então, quando uma música agitada começou a
tocar ensurdecedoramente, vi o grupo de garotas se dirigir para o centro do
salão e começar a dançar. Elizabeth no meio. Eu iria enlouquecer. Com o
movimento de seus quadris, com seu sorriso radiante, com tudo o que eu escondia
sentir por essa garota complicada.
-Vem! –ela me chamou, depois da
terceira música acabar. –Anda, Thomaz! –me puxou pela mão e não tive outra
alternativa a não ser me desculpar com um olhar com Aleph e a seguir. A música
havia mudado e sem que eu percebesse, na minha visão nublada por sua
felicidade, ela colocou os braços em meu pescoço e encostou a cabeça em meu
peito.
-Gosto de que você seja meu
novato. Se fosse outro, não me deixaria ficar assim, dançando. –suspirou e
senti seu sorriso.
-Que bom que me inscrevi, então.-
Sorri, colocando as mãos e sua cintura fina.
-Sim.
Quando acordei na outra manhã, estava deitado no
quarto azul e todo embolado em lençóis e travesseiros. E não estava sozinho.
3 comentários
"..eu não sabia se era 81 ou 84, apesar de aparentar ser 93." Eu já sou péssima em associar nomes a rostos e pior ainda em guardar qualquer tipo de número. Não culpo Thomaz por ter se enrolado todo com essas primas hahahaha
ResponderExcluirNossa, que final!! Aii, não vejo a hora da continuação!
Beijos!
To ansiosa para o proximooooo AMEII
ResponderExcluirsaudades de ti Vicky...
beijoss
Geeeente, finalmente terminei de ler Vicky! ;D
ResponderExcluirNao ficou grande, eu que sempre comecava e tinha que parar -__-
AFffff...
Bom, eu to adorando! a coisa ta esquentando :D
Gostei do jeito da Lizzy! eheheh!
Preparada pro proximo capitulo :)
Beijos
Muito obrigada por passar no Doki Doki! A sua visita é super importante para mim. Me conte, gostou de alguma coisa no post? Não gostou? Me ajude a produzir conteúdos cada vez melhores, a sua opinião é muito importante.