Alguma coisa me chamou atenção em Kingdom - geralmente não me sinto tão interessada assim por histórias de zumbis, The Walking Dead, por exemplo, não funcionou para mim. Todo o furor por ser uma série coreana original da Netflix, com um elenco e roteirista (Kim Eun-hee) de peso e uma história instigante, me fez prestar atenção nos comentários que estavam aparecendo sobre os episódios. Então, durante seis dias seguidos, assisti um episódio por noite (nos mesmos dias em que assisti a primeira temporada de Titans) e me deixei envolver pela trama.
Esmiuçando melhor os detalhes da trama, temos Lee Chang (Joo Ji-hoon), o Príncipe Herdeiro e primeiro filho do rei. Ainda que ele seja o Príncipe Herdeiro, Lee Chang é filho de uma concubina, e por ser um filho ilegítimo, sua relação com a segunda esposa do rei, a Rainha Consorte (Kim Hye-joon) é extremamente tensa - a rainha está grávida do rei, e se a criança for um menino, ficará no lugar de Chang como próximo na fila para o trono. Enquanto o rei está doente, é a Rainha quem exerce o poder, mas na verdade, quem manda e desmanda é seu pai, o primeiro-ministro Cho Hak-ju (Ryu Seung-ryong), que por acaso é o líder do clã Haewon Cho, que pretende assumir a corte real. Cho também é pai do chefe do Royal Investigation Bureau, Beom-il (Jung Seok-won) e faz de seus filhos seus peões no palácio real - e sua personalidade fria e manipuladora o faz um inimigo aterrador, capaz de rivalizar até mesmo com os zumbis.
O Príncipe Herdeiro possui muitos inimigos, mas seus aliados podem ajudá-lo em seu caminho. O principal deles é seu guarda-real Moo-young (Kim Sang-ho), que traz também um pouco de alívio cômico para os episódios. Os outros são Seo-bi (Bae Doona), uma médica aprendiz na clínica do médico real Lee Seung-hee, que era o encarregado de tratar do rei. Ela e um paciente da clínica, Young-shin (Kim Sung-kyu), um ex-soldado com bons instintos, são os primeiros a presenciar a praga dos zumbi. Depois de consultar as anotações de seu mentor, Seo-bi precisa buscar a planta de ressurreição, uma planta lendária que é a chave para essa praga.
Comecei a assistir sem expectativas, mas logo no primeiro episódio percebi que a "mágica" desta série é nos fazer assistir enquanto ficamos satisfatoriamente horrorizados. O conceito de zumbis adotado aqui é retratado gráfica e explicitamente. Obviamente, por ser da Netflix, há certas possibilidades alcançadas que não seriam possíveis nos programas exclusivamente coreanos, o orçamento e o tratamento cinematográfico é uma dessas possibilidades, mas não podemos negar que haja um apelo ao público em geral que não está acostumado a assistir doramas, os zumbis são notadamente um elemento ocidental na trama e o fato de termos a trama se desenvolvendo durante a Dinastia Joseon é o elemento oriental - e isso consegue atrair os dois públicos, o dorameiro e o da Netflix.
Há alguma coisa nesta série que simplesmente te arrasta até o final. A história é consistente, o cenário é lindo, os atores são ótimos. E o mais importante, é aterrorizante. Mas não um aterrorizante que te faz mudar de série, é um que te instiga a continuar. Os zumbis são muito bem apresentados, sua essência humana desvanecida pela fome por carne e seu fôlego olímpico para correr atrás da população amedrontada nos fazem perder a empatia por seu estado - é um breve segundo entre sentir pena pela transformação e perder a empatia pelo ser faminto. Tudo é detalhadamente orquestrado de forma a nos levar a sentir medo e repulsa dos zumbis, a temer pelo futuro dos personagens que ainda são humanos, a sentir ódio pelo núcleo que busca poder acima de tudo.
Um dos pontos mais interessantes é a forma como a fome foi bem explorada em todos os aspectos da trama. Havia a fome por alimento, a fome por poder, a fome por sangue. É a fome que conecta todos os pontos da história (o conflito na realeza, a precariedade do povo, a infecção zumbi) e nos fazem perceber o quanto o ser humano é, realmente, um animal básico. Todas as ações feitas pelos personagens são para satisfazer suas fomes, independentes de quais são. É interessante ver, também, as diferentes faces de uma mesma fome. Quando prestamos atenção nos dois focos de poder da história, Lee Chang e Cho, percebemos que sua fome é a mesma (o trono), mas suas motivações são diferentes, o que faz com que suas ações sejam diferentes. Cho deseja o poder para alimentar sua vontade por poder irrestrito, ambicioso e calculista, quer reinar sem pensar no povo, enquanto Chang quer o poder para se manter vivo, ele obviamente ainda não é a melhor escolha para governar, mas possui várias nuances, como um herói deve ser, e um coração bom o suficiente para ser um rei decente para seu povo. É claro que os outros personagens possuem suas próprias fomes, mas Cho e Chang estão cada um de um lado, o que os torna um bom exemplo.
A série é claramente muito consistente e trabalha muito bem com o que foi proposto - seus seis episódios possuem descobertas o suficiente para nos entreter não só durante a temporada, mas para nos deixar ansiosos pelo o que está por vir. A sequência de acontecimentos e a forma como os relacionamentos entre os personagens vão ganhando novos contornos e profundidades, seus atores (como já era esperado) trabalham maravilhosamente bem com a atmosfera dos acontecimentos e as motivações de seus papeis. O apelo pode ser um pouco difícil de entender antes de assistir e pode parecer bizarro misturar zumbis com a realeza coreana, mas funciona.

A história se passa no meio da era Joseon e apresenta uma corte real repleta de tensões políticas e lutas de poder tumultuadas. As ainda recentes derrotas contra o Japão tornaram o rei impotente e minaram os estudiosos confucionistas (culpados por enganar a nação com sua pedagogia). Temos então duas fomes diferentes: a dos políticos, sedentos por poder, e a da população comum, famintos e sem nenhuma esperança de voltar a comer decentemente - é uma situação tão grave que dizem que as pessoas comem os cadáveres de seus vizinhos que morreram de fome. Enquanto um certo político usurpa o trono e a autoridade política, uma estranha enfermidade toma o rei por completo e o transforma em um zumbi. A verdade sobre a morte do rei é escondida para artimanhas políticas e o príncipe herdeiro, para continuar vivo, precisa descobrir como curar a doença que está se alastrando por todo o território.
Esmiuçando melhor os detalhes da trama, temos Lee Chang (Joo Ji-hoon), o Príncipe Herdeiro e primeiro filho do rei. Ainda que ele seja o Príncipe Herdeiro, Lee Chang é filho de uma concubina, e por ser um filho ilegítimo, sua relação com a segunda esposa do rei, a Rainha Consorte (Kim Hye-joon) é extremamente tensa - a rainha está grávida do rei, e se a criança for um menino, ficará no lugar de Chang como próximo na fila para o trono. Enquanto o rei está doente, é a Rainha quem exerce o poder, mas na verdade, quem manda e desmanda é seu pai, o primeiro-ministro Cho Hak-ju (Ryu Seung-ryong), que por acaso é o líder do clã Haewon Cho, que pretende assumir a corte real. Cho também é pai do chefe do Royal Investigation Bureau, Beom-il (Jung Seok-won) e faz de seus filhos seus peões no palácio real - e sua personalidade fria e manipuladora o faz um inimigo aterrador, capaz de rivalizar até mesmo com os zumbis.
O Príncipe Herdeiro possui muitos inimigos, mas seus aliados podem ajudá-lo em seu caminho. O principal deles é seu guarda-real Moo-young (Kim Sang-ho), que traz também um pouco de alívio cômico para os episódios. Os outros são Seo-bi (Bae Doona), uma médica aprendiz na clínica do médico real Lee Seung-hee, que era o encarregado de tratar do rei. Ela e um paciente da clínica, Young-shin (Kim Sung-kyu), um ex-soldado com bons instintos, são os primeiros a presenciar a praga dos zumbi. Depois de consultar as anotações de seu mentor, Seo-bi precisa buscar a planta de ressurreição, uma planta lendária que é a chave para essa praga.
Há alguma coisa nesta série que simplesmente te arrasta até o final. A história é consistente, o cenário é lindo, os atores são ótimos. E o mais importante, é aterrorizante. Mas não um aterrorizante que te faz mudar de série, é um que te instiga a continuar. Os zumbis são muito bem apresentados, sua essência humana desvanecida pela fome por carne e seu fôlego olímpico para correr atrás da população amedrontada nos fazem perder a empatia por seu estado - é um breve segundo entre sentir pena pela transformação e perder a empatia pelo ser faminto. Tudo é detalhadamente orquestrado de forma a nos levar a sentir medo e repulsa dos zumbis, a temer pelo futuro dos personagens que ainda são humanos, a sentir ódio pelo núcleo que busca poder acima de tudo.
A série é claramente muito consistente e trabalha muito bem com o que foi proposto - seus seis episódios possuem descobertas o suficiente para nos entreter não só durante a temporada, mas para nos deixar ansiosos pelo o que está por vir. A sequência de acontecimentos e a forma como os relacionamentos entre os personagens vão ganhando novos contornos e profundidades, seus atores (como já era esperado) trabalham maravilhosamente bem com a atmosfera dos acontecimentos e as motivações de seus papeis. O apelo pode ser um pouco difícil de entender antes de assistir e pode parecer bizarro misturar zumbis com a realeza coreana, mas funciona.

Até breve! ❤
Oiiiii,
ResponderExcluirEu não sou de séries e filmes de zumbi, realmente não faz meu estilo, nem quando é comédia. Mas para quem curte esta série parece ser uma ótima dica, principalmente porque parece ter elementos surpreendentes que acabam prendendo a atenção. Eu não asistiría, mas vou guardar a dica para alguns amigos que sei que gostam deste tipo de enredo.
Beijinhos...
http://www.paraisoliterario.com
Confesso que vi essa série no catálogo, mas não tive expectativa alguma, mas em saber da mágica que aconteceu com você acho que preciso dar uma chance. Sem dizer que achei interessante o tema que conecta a história, a fome em diferentes aspectos. Vou ver se esse final de semana dou uma conferida no primeiro episódio e espero ser cativada assim como você.
ResponderExcluirAbraços.
Euuuu nunca imaginava que era uma série que se tratava de zumbis! Achei que era uma série sobre reino e poder. Jamais imaginei que teria toda esta mágica e esta luta para encontrar uma forma de erradicar e curar as pessoas. Nossa, este post foi uma surpresa agora para mim.
ResponderExcluirMeu pai está assistindo e adorando, já disse que devo dar uma chance, mas bem sabia do que se tratava. Com a sua resenha deu pra sentir que realmente vale a pena *_*
ResponderExcluirSai da Minha Lente
Olá, para mim Walking Dead também não funcionou tentei assistir mas não fluiu, gostei muitos dos elementos positivos destacados em sua postagem principalmente a forma como a fome foi retratada sob diversos aspectos. Dica mais que anotada. abraços
ResponderExcluirJoyce
Livros Encantos
Oi, Vitória!
ResponderExcluirEu não conhecia essa série. Por ser uma mistura um pouco diferente (o que não quer dizer que é ruim...), zumbis com a realeza coreana, mesmo sendo da Netflix, acho que as pessoas estranham à primeira vista.
Como não sou muito fã filmes ou séries sobre zumbis, não é uma história que me agrada muito. Mas achei bem inovador, em um gênero que já está tão degastado.
Bjss
http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com/
Eu não conhecia essa série e confesso que não fiquei cativada para assistir, mas acho super legal a netflix investir em tramas cada vez diferentes. Para quem gosta de histórias de zumbis, vai ser ótimo conhecer essa série.
ResponderExcluirBeijos, Gabi
Reino da Loucura | Instagram
Gene, eu jamais sacaria que é uma serie de zumbis se não lesse seus comentários sobre ela. Uma coisa que me chamou a atenção foi o cenário que você elogiou e já quero conferir.
ResponderExcluirbeijos
Oi!
ResponderExcluirEu assisti essa série, eu me encantei com o enredo, foi muito inteligente e ver também um pouco da cultura antiga deles, parabéns pela resenha, os detalhes que você colocou foi muito gratificante e muito bem descritas, bjs!
Olá!
ResponderExcluirSeu texto me deixou tão doida aqui que eu parei tudo que tava fazendo e já coloquei a série pra ver xD
Eu amo este tipo de história e não ser do eixo americano-britânico me deixou com mais vontade ainda. ÓTimo texto e recomendação :D
Mirian (castelo do imaginário)
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirVou te confessar que eu nunca ouvi falar sobre essa série. Eu não tenho muito o hábito de assistir séries e essa não me atraiu nem um pouco. Tenho uma preguiça enorme de histórias envolvendo zumbis e, mesmo o enredo desta sendo muito diferente e original, não me vejo assistindo algo assim.
Mas que bom que, apesar de não estar com muitas expectativas, você se surpreendeu e gostou tanto. Vou passar a dica desta vez, mas adorei o post!
Beijos!
Olá Vitória!!!
ResponderExcluirMeio complicado eu assistir séries que tem zumbis, pois é algo que pra mim meio que é: Hum, okay!!!
Eu gosto de doramas e a Netflix vem trazendo muitos doramas maravilhosos em seu catálogo posso dizer isso porque adoro uma série original também da Netflix chamada "Uma Odisséia Coreana".
Achei interessante a história se passar numa época e trazer uma história, sendo que temos várias fomes além daquelas dos zumbis que conhecemos.
lereliterario.blogspot.com